Sou apenas um gaijo comum que tem por hábito "crashar" as festas e pôr todos os presentes a fugir a sete pés...

quarta-feira, novembro 16, 2005

Devendra Banhart

Hoje deixo aqui um texto de Pedro Figueiredo (www.ruadebaixo.com) sobre o concerto do Devendra Banhart na Aula Magna:

Era uma vez um tipo chamado Gonçalo. O Gonçalo gosta de música, de ir a concertos, de tocar guitarra, de cantar. Sábado de manhã, 12 de Novembro de 2005. Meio-dia, vá lá. O Gonçalo acorda, toma a sua torrada matinal, acompanha com uma bica. Em chávena fria. De noite, um dos seus artistas preferidos vai tocar à Aula Magna da Universidade de Lisboa, por isso este é um dia especial para o Gonçalo. Mas já voltamos à história deste jovem.

Devendra Banhart encheu a Aula Magna de Lisboa para apresentar o recente “Cripple Crow”, editado há poucos meses no mercado nacional. Depois de Santa Maria da Feira, depois do Sudoeste Alentejano, finalmente a tão aguardada visita à capital. Antecedido pela óptima surpresa CAVEIRA, detonadora portuguesa nunca antes vista, autêntica pólvora pronta a rebentar, Devendra mostrou a uma sala repleta de conhecedores porque razão é considerado, hoje em dia, um dos mais essenciais músicos da sua geração.

Divertido, elogiou uma marca de cerveja portuguesa, brincou com um ananás, engatou uma engraçada amostra de «Don´t Look Back in Anger», dos Oasis. E apresentou as suas composições, com os óptimos Hairy Fairy (músicos de Vetiver, Espers, entre outros) a acompanhá-lo. Não obstante alguns dos melhores momentos da noite terem tido apenas a voz, a guitarra e a presença de Devendra.

Aqui, regressa à história o Gonçalo: a determinada altura desta celebração – concerto seria demasiado redutor para o que se viu e sentiu – Devendra convida alguém mais corajoso na audiência a vir a palco tocar um tema, inédito ou versão. O Gonçalo hesitou, mas lá se aventurou a recriar Bob Dylan em «Masters of War».

No final, recebeu o devido abraço de cumplicidade do senhor Banhart. A história do Gonçalo aqui narrada serve apenas como imagem para algo que se viveu na Aula Magna. Algo superior à palavra música, concerto, canção. Devendra celebra a música que compõe, e consegue transmitir esse sentimento a todo o público, daí que a atmosfera seja mais intuitiva do que o normal, mais guiada pela emoção do que por um seguimento lógico e racional.

O público, que regra geral não compreendeu o furacão CAVEIRA que vira antes, reconheceu justiça ao líder da nova folk norte-americana, e o regresso a casa fez-se com um sorriso nos lábios. O Gonçalo que o diga…

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá Saul!
Bem... antes de mais nada queria deixar aqui os parabéns pelo magnífico blog e pelos belos textos que o compoem.
No que se refere ao texto do Pedro F. só há uma coisa a dizer, magnífico... como sempre.

Grande abraço

11:38 da manhã

 

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